domingo, 30 de maio de 2010

Como funciona a ressaca

O que é uma ressaca?
O nome formal adotado nos EUA para uma ressaca é veisalgia, que tem origem na palavra norueguesa para "mal-estar depois da orgia" (kveis) e na palavra Grega para "dor" (algia), um nome apropriado considerando-se os sintomas desconfortáveis sentidos pelas pessoas que bebem. A ressaca comum inclui alguns dos ou todos os seguintes sintomas:

* dor de cabeça
* mal-estar
* sensibilidade à luz
* diarréia
* perda de apetite
* tremor
* náusea
* fadiga
* aumento dos batimentos cardíacos e da pressão arterial
* desidratação (boca seca, sede extrema e olhos ressecados)
* problemas de concentração
* ansiedade
* dificuldade para dormir
* fraqueza

Os sintomas mais comuns são a dor de cabeça, a fadiga e a desidratação, e o menos comum é o tremor. A gravidade e o número de sintomas variam de pessoa para pessoa. No entanto, quanto mais álcool for consumido, pior será a ressaca.

Geralmente são necessários de 5 a 7 doses, no período de quatro a seis horas, para causar uma ressaca em uma pessoa que bebe pouco ou de forma moderada (um homem que beba até três doses de bebida alcoólica por dia ou uma mulher que tome até uma). Um grande bebedor é capaz de ingerir uma quantidade maior de álcool devido a uma maior tolerância. Além da quantidade de bebida consumida, a ressaca pode se tornar pior por:

* beber com o estômago vazio
* falta de sono
* aumento da atividade física enquanto bebe (dançar, por exemplo)
* desidratação antes de beber
* saúde precária

Ainda não se conhece totalmente a causa de alguns desses sintomas, mas pesquisas têm proporcionado aos cientistas grande conhecimento sobre os principais efeitos causados por uma ressaca.

[Inibição de uma vasopressina]
Quando o álcool é consumido, ele entra na corrente sangüínea e faz com que a hipófise no cérebro bloqueie a criação da vasopressina. Sem esta substância química, os rins enviam a água diretamente para a bexiga ao invés de reabsorvê-la no organismo. É por isso que quando o álcool é ingerido, a diurese aumenta.

De acordo com estudos, ingerir por volta de 250 mililitros de bebida alcoólica faz com que o corpo expulse de 800 a 1000 mililitros de água; uma relação de quatro vezes mais perda do que ganho. Este efeito diurético é menor depois que o álcool diminui na corrente sangüínea, mas os efeitos colaterais ajudam a criar a ressaca.

Na manhã seguinte de uma grande bebedeira, o corpo envia uma mensagem desesperada, solicitando que seu suprimento de água seja reposto, geralmente manifestada por uma sensação de boca seca.

A urina expele sais minerais e potássio que são necessários para o funcionamento adequado dos nervos e músculos; quando os níveis de sódio e potássio ficam muito baixos, surgem as dores de cabeça, fadiga e náusea. O álcool também destrói a reserva de glicogênio no fígado, que é quebrado em glucose e enviado para fora do corpo sob a forma de urina. A falta desta fonte de energia é, em parte, responsável pela fraqueza, fadiga e falta de coordenação na manhã seguinte.
Além disso, o efeito diurético expele eletrólitos vitais, como o potássio e o magnésio, que são necessários para o funcionamento adequado das células.

Tipos diferentes de bebidas alcóolicas podem causar diferentes tipos de ressaca.

[Resíduos tóxicos]
Vinhos escuros e licores tem um nível mais alto de certas toxinas. Tipos diferentes de bebidas alcóolicas podem resultar em diferentes sintomas de ressaca, pois algumas bebidas alcoólicas têm uma concentração mais alta de toxinas, que são subprodutos da fermentação.

A maior quantidade destas toxinas é encontrada no vinho tinto e bebidas escuras como o bourbon, o brandy, o uísque e a tequila. O vinho branco e as bebidas claras como o rum, a vodca e o gim têm menos toxinas e portanto causam ressacas menos graves. Em um estudo, 33% das pessoas que beberam uma determinada quantidade de bourbon relativa ao seu peso, registraram uma ressaca grave, comparados aos 3% que beberam a mesma quantidade de vodca.

Bebidas alcoólicas diferentes (cerveja, vinho, destilados, etc.) têm substâncias diferentes quando combinadas, e podem resultar em sintomas de ressaca bastante graves. Além disto, a carbonatação da cerveja apressa a absorção do álcool. Como resultado, beber cerveja depois de outra bebida não dá ao corpo o tempo necessário para processar as toxinas.

[O Acetaldeído]
Um produto do metabolismo do álcool que é mais tóxico que o próprio álcool, o acetaldeído é criado quando o álcool no fígado é destruído por uma enzima chamada álcool-desidrogenase. O acetaldeído é então atacado por outra enzima, o aldeído-desidrogenase, e por outra substância que se chama glutationa, que contém uma quantidade alta de cisteína (uma substância que é atraída pelo acetaldeído).
Juntos, o aldeído-desidrogenase e a glutationa formam o acetato (uma substância similar ao vinagre) não tóxico. Este processo funciona bem, deixando ao acetaldeído apenas um curto período de tempo para fazer seu estrago, se apenas alguns coquetéis forem consumidos.

Infelizmente, os estoques de glutationa no fígado esgotam-se rapidamente quando quantidades maiores de álcool são consumidas. Isto faz com que o acetaldeído se acumule no organismo, enquanto o fígado produz mais glutationa, deixando a toxina no organismo por períodos de tempo mais longos. Em estudos que bloquearam a enzima que destrói o acetaldeído (aldeído-desidrogenase) com um medicamento chamado Antabuse (em inglês), projetado para acabar com o alcoolismo, a toxidade do acetaldeído provocou dores de cabeça e vômitos tão graves que contra-indicam o seu uso. A questão do peso é um dos motivos pelos quais as mulheres não devem acompanhar os homens na bebedeira, pois as mulheres têm menos aldeído-desidrogenase e glutationa, fazendo com que o organismo leve mais tempo para eliminar as toxinas, piorando os efeitos da ressaca.

Alguns dos sintomas mais comuns da ressaca, como a fadiga, irritação do estômago e uma sensação geral de mal estar, podem ser atribuídos também a algo chamado de reação à glutamina.

[Reação à glutamina]
Depois de exagerar no consumo de bebida alcóolica, o indivíduo não consegue dormir tão bem como o faz normalmente, pois o corpo está reagindo ao efeito depressivo do álcool no organismo. Quando alguém está bebendo, o álcool inibe a glutamina, um dos estimulantes naturais do organismo. Quando o indivíduo pára de beber, o organismo tenta compensar o tempo perdido, produzindo mais glutamina do que precisa.

O aumento nos níveis de glutamina estimula o cérebro enquanto a pessoa tenta dormir, evitando que os níveis mais profundos e saudáveis do sono sejam atingidos. Isto contribui muito para a fadiga sentida em uma ressaca. A ação da glutamina durante uma ressaca também pode ser responsável por tremores, ansiedade, agitação e aumento da pressão arterial.

O álcool é absorvido diretamente através do estômago, por isso as células que o recobrem ficam irritadas. O álcool também provoca a secreção de ácido clorídrico no estômago, eventualmente fazendo com que os nervos enviem ao cérebro a mensagem de que o conteúdo do estômago está machucando o corpo e precisa ser expelido através do vômito. Este mecanismo pode, na verdade, diminuir os sintomas da ressaca a longo prazo, pois livra o estômago do álcool e reduz o número de toxinas com as quais o organismo tem que lidar. A irritação do estômago também é responsável por outros sintomas desagradáveis da ressaca, como a diarréia e a perda de apetite.

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